A utilização das redes sociais tem disparado em todo o mundo, incluindo em Portugal, sendo, para os seus utilizadores, uma fonte de informação e aconselhamento, assim como uma ferramenta para a tomada de decisões de consumo. A sua importância é claramente crescente, nomeadamente para as gerações mais jovens.
A impressionante dimensão da população que utiliza as redes sociais hoje faz com que estas se tenham tornado, definitivamente, num canal de marketing de pleno direito. Esta realidade faz com que, para as marcas, plataformas como o Instagram, Facebook, Tik Tok (e tantas outras) sejam, cada vez mais, canais de promoção e vendas. No entanto, desengane-se quem pensa que este é só mais um canal de publicitação de produtos e promoção de vendas. Mais do que meros meios digitais, as redes sociais são já, para muita gente, o ‘local’ onde parte muito importante das suas vidas acontece. E isso faz com que este novo veículo de comunicação, digital, marque também uma importante mudança de paradigma para o marketing. Para além da comunicação direta entre empresas e potenciais clientes, para a promoção de produtos e marcas, parte dessa divulgação e construção de notoriedade faz-se de utilizador para utilizador de redes sociais. No fundo, é do clássico “worth to mouth” (‘de boca em boca’) que falamos.
Convém não esquecer, a este respeito, que este crescimento do uso de redes sociais decorre em paralelo com um movimento inverso a que se tem assistido nos media tradicionais. Cresce de dia para dia o número de pessoas que têm a perceção de que a informação dos meios de comunicação social não é de confiança e que preferem, em alternativa, informar-se nas redes sociais.
Justa ou injustamente, a verdade é que é nas redes que circula a maior parte das informações produzidas todos os dias e que se partilha mais conteúdos. As redes sociais são hoje vitais não só para a comunicação das empresas, mas também para tantas outras instituições. Constituem um veículo privilegiado para as empresas chegarem aos seus públicos-alvo e interagirem com os consumidores.
Por outro lado, vivemos num contexto em que os consumidores privilegiam cada vez as marcas que contam uma história, que promovem um maior envolvimento com o cliente e que preconizam valores com os quais as pessoas se identifiquem. Neste cenário, as redes sociais são um veículo primordial para concretizar este tipo de marketing de proximidade, onde os indivíduos esperam poder rever-se e ser inspirados.
A interatividade e a comunicação que a internet permite contribuem para esta nova visão de consumo e envolvimento com as marcas, possibilitando que os consumidores se sintam parte ativa e não um mero recetor de informação. E beneficiam também o outro lado, o das empresas, que têm nas redes sociais um bom instrumento para ‘medir o pulso’ ao mercado. Mais do que isso, permitem agora fazer uso dos dados do cliente, desde que autorizado, para poder adequar as estratégias de promoção e marketing, tornando-as mais cirúrgicas, por parte das empresas.
A realidade portuguesa
Um levantamento recente realizado pela empresa de estudos de mercado Marktest, a propósito da relação dos portugueses com as redes sociais e com as marcas aí presentes, dá algumas pistas sobre o comportamento atual dos consumidores.
Por exemplo, sabe-se que um em cada três utilizadores de redes sociais costuma clicar nos anúncios que aparecem e que o Instagram é atualmente a rede com maior penetração entre as camadas mais jovens e a preferida pela generalidade dos portugueses. Segue-se o Whatsapp e, só depois, o Facebook. É também elucidativo o facto de o número de redes sociais por utilizador ter duplicado nos últimos dez anos.
Sendo o mercado português composto em mais de 90% por pequenas e médias empresas (PME), o crescente peso das redes sociais enquanto veículo de partilha e acesso a informação permite um acesso muito mais económico aos públicos-alvo pretendidos. As empresas de menor dimensão podem, com um orçamento mais reduzido, promover o seu nome e os seus produtos.
Uma mudança tecnológica, mas também comportamental
Todos os dias há mudanças e a inovação não pára de crescer, tanto em termos tecnológicos como, do lado dos utilizadores, comportamentais. Conseguir antecipar o impacto que as redes sociais terão no futuro ou que contornos terá é, de resto, inglório e difícil. Mas há sinais que andam por aí.
Para além de uma maior interatividade com as marcas, como já referido, a publicidade a marcas e produtos já não chega aos consumidores apenas diretamente através das próprias marcas. Um dos veículos cada vez mais eficazes na promoção das vendas são mesmo os influencers. Mais facilmente um consumidor vai confiar em alguém que acompanha nas redes para tomar decisões de compra de bens ou serviços do que numa publicidade direta da marca. No fundo, um conselho de consumo de um influencer que se segue online constitui, cada vez mais, um selo de confiança para as pessoas. Em resultado, os gastos do marketing das empresas com influencers tem vindo a crescer.
Outra área em que há mudanças na forma como os consumidores se comportam e nas suas preferências está relacionado com as experiências pré-gravadas por oposição às realizadas em direto. A transmissão ao vivo por influencers continua e continuará a crescer, tanto para públicos vastos como em nichos de mercado.
O florescimento da inteligência artificial também será transformador. A começar porque permite introduzir a figura do influencer virtual que nunca se cansa nem adoece e que faz exatamente o que as marcas pretendem.
Uma outra área em que os consumidores também têm vindo a mudar, nomeadamente em termos do que exigem das marcas, é o atendimento ao cliente.
Assim, para que as redes sociais sejam efetivamente uma fonte de informação e de vendas, as empresas deverão proporcionar um serviço cada vez mais personalizado e ajustado às especificidades das pessoas, pois a qualidade que for percebida nesse acompanhamento ao cliente será muito importante para as vendas. No fundo, as apregoadas políticas de proximidade entre empresas e clientes têm de ser convertidas em ações, ou o consumidor não se deixará enganar por muito tempo.
Certo é que as redes sociais se tornaram, nos últimos anos, num crucial veículo de comunicação e publicidade, e esse é um papel que está para ficar.
Fonte: SAGE
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